I Congresso Internacional - Parto Ecológico - Celebração da Vida

Rio de Janeiro 2002

 
congresso  I logo.png
 
 

Relatório do I Congresso Internacional

Parto Ecológico

 Heloisa Ferreira Lessa

Jane Márcia Progianti

Octavio Muniz da Costa Vargens

   

O Congresso  Internacional Ecologia do Parto e Nascimento- Uma Celebração da Vida, realizado no Rio de Janeiro, nos dias 06 e 07 e em Florianópolis no dia 08 de abril de 2002, é resultado de longo processo de estudo  do fenômeno do parto através das culturas  e, para sua efetivação ,  eventos anteriores foram marcantes:

 Em 1999 na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, realizou-se  o II Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal, promovido pela ABENFO – Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiras Obstetras que, criteriosamente apresentou o paradigma da assistência de enfermagem Obstétrica ao parto e nascimento nas instituições públicas e na casa de parto, reforçando a necessidade de humanização na assistência à mulher durante o processo de parturição.  À época, ficou evidente que as enfermeiras obstétricas manifestaram sua adesão ao modelo humanista de assistência ao parto, o que as mesmas denominaram de corrente mediadora entre a corrente convencional (modelo tecnocrático) e a não convencional (modelo holístico).

Em 2000, , com o apoio da JICA-Agência de Cooperação Japonesa, foi realizada, na cidade de Fortaleza, a Conferência Internacional sobre Humanização do Parto e Nascimento, inegavelmente um marco histórico na luta pela humanização, desmedicalização e a não instrumentalização do parto institucional.

O Congresso Internacional Ecologia do Parto e Nascimento- Uma celebração da Vida, foi sendo construído através da mobilização de diferentes atores sociais e setores – social, político e cultural.

Esse processo teve início com a constituição da Comissão Organizadora liderada pela Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz; Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro; e Rede de Humanização do Parto e Nascimento(ReHuNa). Contou com o apoio do Ministério da Saúde,  Secretarias Estaduais de Saúde do Rio de Janeiro e Santa Catarina, Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiras Obstétricas (ABENFO), FANEM e da Rede Mulher.

O Congresso reuniu um público de 1090 pessoas, entre médicos, enfermeiras, psicólogos, psicanalistas, fisioterapeutas, sociólogos, antropólogos e gestantes, contabilizando um total de dezoito diferentes profissões representadas. Oriundos de quinze Estados Brasileiros e quarenta e quatro cidades.

Estima-se que nas etapas de organização e realização do Evento, 130 pessoas, aproximadamente, estiveram envolvias. O apoio das assessorias de imprensa da UERJ e FIOCRUZ favoreceu a intensa repercussão nos meios de comunicação e assegurou o generalizado alcance de público no congresso.

O Congresso Internacional Ecologia do Parto e Nascimento- Uma Celebração da Vida tem como indicador de mudança à participação diversificada de profissionais. Esta participação foi responsável pelo surgimento de uma nova dinâmica de trabalho, onde os depoimentos pessoais, as intervenções culturais e a defesa dos direitos, transformaram as relações e as trocas entre todos os participantes, refletindo a possibilidade de um novo entendimento da assistência ao parto e nascimento.

 

Marcos Conceituais 

Parto.

Novas Razões e Maneiras de se Estudar a Fisiologia do Parto.

O objetivo desta conferência ministrada por Michel Odent, foi apresentar o processo fisiológico da parturição como sendo transcendente à questão cultural. Para este estudioso, o tradicional conceito de parto normal, que reflete uma conotação de valor sócio-cultural, é superado pelo conceito de parto fisiológico, que significa o processo do nascimento como uma celebração humana, mais amoroso, mais íntimo, que envolve a participação do neo-cortéx bloqueando a ação do cérebro primitivo, estrutura responsável pela liberação de um complexo coquetel de hormônios, que por sua vez, facilita à mulher vivenciar este momento como um ato humano e não como um ato médico.

 Odent salienta ainda a importância do ambiente do parto, entendida por ele como tudo o que envolve o fenômeno, das pessoas até o mobiliário. Essa compreensão poderá contribuir para facilitar o parto,  através da inserção de estímulos e  cuidados que ativem o cérebro primitivo.  De outro modo, poderá contribuir também para inibi-lo, aumentando ações que estimulem a produção da adrenalina, como a presença de luz forte, de conversas e de atitudes que deixem a mulher com a sensação de estar sendo observada.

 

Assistência ao Parto

Prevenir a Violência ou Desenvolver a Capacidade de Amar. Qual a Prioridade?

Nesta conferência, Michel Odent apresentou-nos estudos com relação aos hormônios envolvidos no processo da parturição. Define a ocitocina como um hormônio altruísta que está presente no momento do parto, na amamentação e no ato sexual. Considera que o amor materno tem determinantes em complexas associações da ocitocina com a prolactina. Também apresentou-nos como fator de risco para comportamentos violentos, o parto traumático e a separação precoce do recém-nascido da mãe. Tal fato, dado ao contexto violento em que vivemos, no qual os suicídios, a dependência química, bem como outras formas de violência foram as maiores causas de mortes e de incapacidades físicas /mentais no século XX, foi vinculado à imprensa da cidade do Rio de Janeiro da seguinte maneira*

Segundo o obstetra Michel Odent, pesquisas recentes desenvolvidas na Grã-Bretanha, associam o comportamento autodestrutivo às circunstâncias do nascimento do indivíduo. Portanto um parto traumático ou não natural pode atuar como predisposição futura para a formação de pessoas mais amorosas ou mais agressivas (Jornal Tribuna da Imprensa, dia 5/4/2002, pg.1).

As pesquisas e os postulados de Odent nos ajudaram a refletir mais amplamente sobre o que poderemos mudar na sociedade em que vivemos se mudarmos a maneira de nascer, e também quanto a quem interessa manter esta maneira agressiva de se vir ao mundo. No entanto, se realmente acreditamos que poderemos ter uma sociedade menos violenta quando nascemos com mais amor, homens e mulheres agressivos só interessariam aos poucos que, mesmo inconscientes desta maneira de pensar, lucram com as atuais condições vigentes em nosso meio.

A palestra que encerrou o Congresso, também proferida por Michel Odent, abordou os temas discutidos no seu ultimo livro ainda não lançado no Brasil: “O Fazendeiro e o Obstetra”. Nele o autor faz uma comparação do processo de industrialização da agricultura e da pecuária com a o parto. Com a análise das conseqüências desastrosas para a saúde ambiental e dos homens, do emprego indiscriminado de fertilizantes e outros agentes químicos no campo, em relação ao uso indiscriminado de medicamentos e/ou procedimentos invasivos na assistência à gestação e ao parto, ele insiste que estamos num “turning point” na obstetrícia e pergunta porque desastre está esperando? Salienta a presença de radicais livres como poluidores do nosso organismo, e suas influências na vida intra-útero e na construção futura da saúde dos povos. Conclui dizendo da necessidade de maiores investimentos em estudos e pesquisas nesta área, colocando-nos algumas dificuldades em se obter apoio (político e financeiro) para o desenvolvimento destas pesquisas que podem ferir alguns princípios da sociedade moderna/urbanizada e industrializada.

 

Paradigmas:

Tecnocrático, humanístico e holístico de assistência ao parto

Nesta conferência Robbie Davis Floyd explora três modelos de assistência ao parto, suas origens e suas características. Tais modelos diferem fundamentalmente entre si na definição do corpo, nas relações com a mente e também na prestação de cuidados.

            O modelo tecnocrático, tem a concepção do corpo como uma máquina, separado da mente e dividido em partes. Este modelo vem sendo construído no mundo desde o século XVII, e no Brasil, toma impulso em meados do século XX. Nele, o hospital surge como indústria, a mulher como máquina imperfeita, e o bebê como produto manufaturado. Pretende-se um rigor cientifico, porém muitas condutas obstétricas, como o enema, a tricotomia e o parto dorsal, persistem, apesar das evidências cientificas nos mostrarem o oposto. Tanto o diagnóstico como o tratamento, surgem num percurso de fora para dentro, em que o profissional determina (externamente) o que deve ser feito e como vai desenrolar o processo (que é interno e intrínseco à mulher). A visita medica é rápida e as máquinas ficam entre o médico e o paciente. Nele, surgem a hierarquia e as rotinas hospitalares rígidas, a morte sempre é vista como derrota, e as intervenções são agressivas com ênfase no resultado de curto prazo.

            O modelo humanista surge com o objetivo de humanizar o modelo tecnocrático, é  baseado na conexão entre o corpo e a mente,  é impossível tratar sintomas físicos desprezando seus componentes psicológicos. Assim, o corpo não é visto como máquina, mais sim, como um organismo. O cuidador estabelece uma conexão não apenas com o paciente, mas com o indivíduo como um todo. As entrevistas e anamneses são longas. O profissional precisa ter conhecimentos para identificar os sinais apontados através da tecnologia e aliar a isso o cuidado humano. Existe um balanço entre as necessidades do indivíduo e a instituição. Tenta-se mudar o ambiente hospitalar e flexibilizar as rotinas. Os humanistas usam as mesmas ferramentas e técnicas do modelo tecnocrático, mas dão ênfase à relação e ao cuidado com o paciente. O diagnóstico e o tratamento unem o que vem de fora e os conteúdos emocionais internos. O paciente tem o direito de saber do seu diagnóstico e tratamento. Temos então como foco a promoção, prevenção e a educação em saúde.

O modelo holístico é tido como uma heresia para o modelo tecnocrático. Ele acredita na união da mente, do corpo, da emoção, do espírito e do ambiente. Tem a compreensão de que o cérebro se estende além da cabeça e através do sistema nervoso central, e dá importância à união entre o neocórtex e o cérebro primitivo. Assim, o corpo é visto como um sistema aberto de energia que possui conexões com todos os outros sistemas de energia. O curador e o cliente fazem um circuito próprio de energia que influencia diretamente no processo de cura. O ambiente age como facilitador ou não de todo o processo do parto. O curador trabalha com a intuição do cliente e a sua própria. O cuidado é individualizado e o cliente tem responsabilidade direta no seu processo de cura. No parto, são utilizadas técnicas não-invasivas que facilitam o processo da parturição, como o uso da água, exercícios e massagens. Neste modelo, as práticas terapêuticas não-convencionais são aceitas. A morte é vista como um degrau dentro do processo da vida, e a saúde do indivíduo é vista como uma construção a partir da concepção.

 

 Antropologia do Parto

 

Nesta palestra, Robbie Davis Floyd  apresenta-nos vários estudos sobre o tema e a  importância que as parteiras tradicionais têm nesses estudos.A antropologia do parto e nascimento se confunde com o saber milenar das parteiras tradicionais.

Refere a evolução na formação de parteiras e que elas,  estiveram sempre mescladas de um conhecimento compartilhado entre mulheres que deram a luz  e o saber intuitivo, onde o  conhecimento biomédico não é levado em consideração.

 

O Parto Fisiológico nas Interculturas

 

Este tópico foi apresentado sobre a forma de Mesa Redonda. Representantes das índias , parteiras, enfermeiras e médicas, expuseram as diferentes visões do parto sob o ponto de vista cultural. As representantes da Reserva Indígena do Alto Rio Negro no AM nos abrilhantaram com um relato simples, porém contundente, da possibilidade e da existência de muitas mulheres brasileiras que vivenciam a experiência da parturição como um momento de contato com seu saber instintivo ou natural. Em outras palavras, mulheres que estabelecem contato com sua memória filogenética.

A experiência da Casa de Parto de Ceres-GO,é trazida como um modelo já consolidado e diferenciado de assistência obstétrica no Brasil. Esta proposta é enfatizada para fazer a reconciliação entre o parto domiciliar e o parto hospitalar, isto é, para se fazer a negociação entre o que existe de favorável no domicílio e no hospital.

Já o Hospital Universitário de SC, a assistência é realizada por uma equipe interdisciplinar composta por enfermeiras, médicos, assistente social e psicóloga onde existe  a manutenção e introdução de rotinas baseadas em evidências científicas; a mulher tem direito a um(a) acompanhante de sua escolha; não são realizados a tricotomia e o enema de rotina e a parturiente  não é obrigada a ficar em jejum. Durante o trabalho de parto e parto ela faz a opção pela posição a ser adotada no processo de parturição¹; não é realizada a episiotomia de rotina².

Apenas 12% das mulheres optam por analgesia medicamentosa, de maneira geral utilizam método não farmacológico para o alívio da dor.

A equipe desenvolve ainda, trabalhos educativos e vivenciais como grupos de sala de espera, grupo de casais grávidos e encontro com gestantes no 3º trimestre. A maternidade também tem participado em trabalhos comunitários de incentivo ao aleitamento materno, sexualidade e direito reprodutivo.

 

O Parto em Casa no Brasil

 

Neste painel, ficou evidenciado que no Brasil, 15% dos partos acontecem no domicílio e que existe uma diferença entre o parto que ocorre no domicílio por falta de acesso à rede de saúde e aquele que é planejado para ocorrer em casa.. Dentre os partos planejados, existem aqueles que ocorrem em casa no interior do país  assistidos por parteiras tradicionais e  nos grandes centros urbanos começa lentamente a renascer como uma opção de escolha para as mulheres brasileiras assistidas por alguns médicos e enfermeiras obstetras.

As mulheres que desejam e optam pelo parto domiciliar planejado  nos grandes centros urbanos, demonstram possuir alto grau de confiança em si mesmas. Muitas têm medo e não se sentem seguras no ambiente hospitalar. Antes da decisão, faz a análise profunda dos riscos, benefícios e da menor intervenção. As mulheres são de qualquer classe sócio-econômica e de diferentes faixas etárias. Estas mulheres têm ainda acesso a uma assistência pré-natal de qualidade o que favorece esta tomada de decisão.

“A troca de experiências entre diferentes culturas foi enriquecedora, pudemos  perceber o quanto somos forasteiras em nossos próprios corpos”.[1]

O Encerramento

A celebração da vida

 

 

Para fecharmos o evento, Martha Zanethi, terapeuta corporal, preparou uma atividade intitulada a Celebração da Vida. Para tal, utilizou vídeo para sensibilização, exercícios respiratórios, movimentos corporais, música e uma voz de comando sensível. Desta maneira, o grupo foi instigado a participar da dinâmica, demonstrando que após a vivencia do Congresso, cada um, tal como no parto, nascia com novas perspectivas e possibilidades de transformação da sua realidade pessoal e profissional.

 

 

Conclusões e Recomendações

 

O modelo brasileiro de assistência obstétrica vem sofrendo profundas transformações nos últimos anos com o incentivo do Ministério da Saúde e a pressão social advinda principalmente do movimento de mulheres. As atuais diretrizes do Ministério, que seguem as da OMS, nos apontam no sentido da humanização de todo o processo de gestação e parto.

A ciência moderna nos trás novos paradigmas nesta assistência. Congressos e eventos científicos como este possuem a função de permitir o acesso e a discussão desses conhecimentos para que possamos incorporá-los à nossa prática diária de assistência à mulher e ao recém nascido.

O Congresso Internacional Ecologia do Parto e Nascimento uma Celebração da Vida, brindou-nos com ilustres convidados e conferencistas de diversas partes do país que, juntos, congregaram e celebraram a idéia fundamental da retomada do parto como um evento fisiológico, cultural e social. Foi marcado também pela possibilidade e pela importância da união dos conhecimentos milenares adquiridos pela espécie humana em paralelo aos avanços tecnológicos em consonância com este paradigma de assistência à mulher.

 

Repercussão do Evento

            A imprensa falada e escrita do Rio de Janeiro deu grande destaque ao evento. O Congresso foi divulgado nos seguintes meios de comunicação de massa:

  • Novembro 2001- Encarte Especial Revista “Seu Filho e Você” – Parto Domicilar pgs. 35 à 42 .

  • 26 de Fevereiro 2002- Rádio Caledônia-FM Nova Friburgo. Programa Pastor Moacir. Entrevista Marilanda L.Lima e Heloisa Lessa.

  • 3 de Abril/ 2002 –Rádio catedral –Programa Roberto Flávio. Entrevista Heloisa Lessa

  • 3 de Abril/ 2002–Rádio MEC – Programa Caderno Manhã – Entrevista com Heloísa Lessa

  • 4 de Abril/ 2002 – Jornal Tribuna da Imprensa.Pg. 11 Ciência. ( em anexo )

  • 4 de Abril/ 2002 – Jornal O Globo – Coluna Ancelmo Góis

  • 4 de Abril/ 2002 – Rádio CBN – Programa CBN Total – Entrevista com Heloísa Lessa.

  • 4 de Abril/ 2002 - Portal na Internet Ponto Edu / Agência Saúde (jornal on line) – Agência de notícias de Educação e Saúde.

  • 5 de Abril/ 2002 - Jornal do Brasil – Coluna Informe JB / Ricardo Boechat.

  • 5 de Abril/ 2002 - Jornal do Brasil – Coluna Coisas de Política / Dora Kramer .

  • Abril 2002 – SBT Rio – Jornalismo (gravação feita na semana seguinte ao evento na Maternidade Municipal Alexander Fleming, mostrando o trabalho desenvolvido no sentido da humanização da assistência e a enfermagem obstétrica.)

  • 19 de Abril/ 2002 – Rádio Catedral. Programa Roberto Flávio- Entrevista Heloisa Lessa.

  • 11 de Maio/ 2002– Canal GNT/Globosat – Programa Alternativa Saúde com Patrícia Travassos. Entrevista gravada com Heloísa Lessa exibida em rede nacional.

  • Programa de Televisão do Canal Universitário do CICT-Fio Cruz com 24min. Tendo como primeira exibição na televisão dia: 27 de junho de 2002 ás 21:30 na UTV(canal universitário da Net-Rio).

  • Vídeo “Parto de Mim” A experiência da assistência no município do Rio de Janeiro- 24 min. Sua primeira exibição ocorreu durante o congresso. A FioCruz esta trabalhando no sentido de transforma-lo também num programa de TV.

  • Apresentação do Programa de TV durante o III Cobeon- Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal em julho/2002 Salvador , Bahia.

 

 

 


 

Report of the I International Conference

The Ecology of Childbirth

  

Heloisa Ferreira Lessa

Jane Márcia Progianti

Octavio Muniz da Costa Vargens

 

The International Congress Ecology of Childbirth - A Celebration of Life, that happened on April 6th and 7th in Rio de Janeiro and April 8th in Florianópolis, gathered a public of 1.090 people, including doctors, nurses, psychologists, psychoanalysts, physiotherapists, sociologists and pregnant women, a total of eighteen different represented professions, from fifteen Brazilian states and forty four cities. The Congress was an initiative of the Nursing School of Rio de Janeiro State University (UERJ); Oswaldo Cruz Foundation (FIOCRUZ); Secretaria Municipal de Saúde-RJ; and Rede de Humanização do Nascimento (ReHuNa). It was also supported by Brazilian Health Ministry, Health Secretary of Rio de Janeiro and Santa Catarina, Brazilian Association of Obstetric Nurses (ABENFO) and Rede Mulher. As international participants, the French obstetrician Dr. Michel Odent, and the American anthropologist Dr. Robbie Davis Floyd provided us the news in the themes of the congress.

 

New Reasons and Ways to Study the Physiology of the Childbirth. 

The objective of this conference presented by Michel Odent, was to present the physiologic process of labor as being transcendent to the cultural subject. For him, the traditional concept of normal childbirth, that reflects a connotation of partner-cultural value, it is overcome by the concept of physiologic childbirth, that means the process of the birth as a human celebration, full of loving, and not as a medical procedure. Odent points out the importance of the understanding that during the childbirth, the performance of the neocortex can block the action of the primitive brain, the structures responsible for the liberation of a compound cocktail of hormones, that facilitates to the woman to live this moment. By this way, the atmosphere understood by Odent as everything that involves the phenomenon, the people or the furniture, can contribute to facilitate the childbirth, through cares that activate the primitive brain. In another way, it will also be able to inhibit it, increasing actions that stimulate the production of adrenaline, as the presence of strong light, of chats and of attitudes that leave the woman with the sensation of being observed.

 

To prevent the violence or to develop the capacity to love. What is the Priority?

In this conference, Michel Odent presented us the studies about the hormones involved in the process of childbirth. Odent defines the oxitocin as an altruistic hormone that is present in the moment of the childbirth, in the breast-feeding and in the sexual intercourse. He considers that the maternal love has decisive role in complex associations of the oxitocin with the prolactine. He also presented us the idea of the traumatic childbirth and the precocious separation of the new born from his mother as a risk factor for violent behaviors. Such fact, considering the violent context in which we live, where suicides, chemical dependence, as well as other violence forms were the largest causes of deaths and of physical/mental incapacities in the XXth  century, was presented by the press of Rio de Janeiro city in the following way:

According to the obstetrician Michel Odent, recent researches developed in Great Britain link the self-destructive behavior to the circumstances of the individual's birth. Therefore a childbirth, traumatic or not natural, can act as future predisposition for the formation of people more loving or more aggressive (Jornal Tribuna da Imprensa, 5/4/2002, pg.1).

The researches and the postulates of Odent helped us to see more clearly the changes we can expect in the society if we change the way of being born. It also made us to see and think about who really wants to maintain this sort of things, this aggressive way of coming to the world. However, if we really believed that we can have a less violent society if we were born with more love, aggressive men and women would only interest to a little group that profit with this sort things current among us.

The final conference of the Congress, also presented by Michel Odent, approached the themes discussed in his last book: "The Farmer and the Obstetrician". In this book the author makes a comparison between the process of industrialization of the farm and the livestock with the one of the childbirth. In this analysis of the disastrous consequences, for the men and environmental health, of the indiscriminate employment of fertilizers and other chemical agents in the field, in relation to the indiscriminate use of medicines and/or procedures in the attendance to pregnancy and childbirth, he does insist that we are now in a "turning point" and he does ask what disasters are we waiting for? He points out the presence of free radicals as pollutant of our organism and its influences in the intra-uterine life and in the future health of people. He concludes saying that we need larger investments in studies and researches in this area, placing us some difficulties in obtaining support (political and financial) for the development of these researches that can hurt some beginnings of the modern/urbanized and industrialized society.

 

The technocratic, humanistic and holistic paradigms of attendance to childbirth

In this conference Robbie Davis Floyd explores three models of attendance to the childbirth, its origins and characteristics. Such models differ fundamentally to each other in the definition of the body, in the relationships with the mind and also in the installment of cares.

            The model technocratic, has the conception of the body as a machine, separated from the mind and divided in parts. This model has been built in the world since the XVIIth century, and in Brazil, it was more effective in the middle of the XXth century. In this model, the hospital appears as industry, the woman as imperfect machine, and the baby as manufactured product. A scientific rigidity is intended, however many obstetric conducts, as the enema, the tricotomies and the horizontal/lithotomic childbirth, persist, in spite of the scientific evidences that show us the opposite. Both, the diagnosis and the treatment, appear in a way from outside to inside, in which the professional determines (externally) what should be made and how the process (which is internal and intrinsic to the woman) will be developed. The medical visits are fast and the machines and new technologies are between the doctor and the patient. By this way, the hierarchy and the rigid hospital routines appear, the death is always seen as defeat, and the interventions are aggressive with emphasis in the short period result.

            The humanist model was presented with the objective of humanizing the technocratic model and it has a great potential for that. In Brazil, it increases in the eighties, with the obstetric nurses' participation. It is based on the connection between the body and the mind, and it insists that is impossible to treat physical symptoms despising its psychological components. According to this, the body is not seen as a machine, but as an organism. The caretaker establishes a connection with the patient not just as an individual, but as a completely human being. The interviews and anamneses are long. The professional must have knowledge to identify the pointed signs through the technology and to ally to that the human care. There is a balance between the individual's needs and the institution. It tries to move the hospital atmosphere and flexibly the routines. The humanists use the same tools and techniques of the technocratic model, but they give emphasis to the relationship and the care with the patient. The diagnosis and the treatment unite what comes from outside and the internal and emotional contents. The patient have the right to know which are his diagnosis and treatment. We have then as focus the promotion, prevention and the education in health.

The holistic model is seen by the technocrats as an heresy. It believes in the union of  mind, body, emotion, spirit and atmosphere; that the brain extends itself through the central nervous system, what leads the holists to giving higher importance to the union of the neocortex and the primitive brain. So, the body is seen as a open system of energy that possesses connections with all the other energy systems. The curator and the customer are together a single circuit of energy that have direct influence in the cure process. The atmosphere acts as facilitator or dificultador of the whole childbirth process. The curator works with both customer's and his own intuition. The cure is processed from within to outside, in response to the need to access internal contents. The care then is individualized and the customer has direct responsibility in his cure process. In childbirth, non invasive techniques are used to facilitate the labor process, such as the use of water, exercises and massages. In this model, non conventional therapeutic practices are accepted, therefore to cure symptoms it demands the person's cure as an integral being. The death is seen as a step in the process of the life, and the individual's health is seen as a construction resultant of the conception, gestation and childbirth.

The knowledge brought by Dr. Robbie Davis Floyd clarify the health professionals and especially the Brazilian obstetric nurses, that in the year of 1997, organized the Permanent Forum of Obstetric Nurses of Rio de Janeiro. The discussions of these meetings were told and published in 1999, in II Brazilian Congress of Obstetric Nurses. At that time, it was evident that the obstetric nurses manifested their adhesion to the humanist model of attendance to the childbirth, which they denominated as the current mediator between the conventional current (technocratic model) and the not conventional (holistic model).

The Anthropology of the Childbirth

In this topic the different visions of the childbirth were approached under the cultural point of view. The represents of the Indigenous Reservation of High Rio Negro in Amazon showed us with a simple report, however contusing, of the possibility and the existence of many Brazilian women that experience the childbirth as a moment of contact with their own instinctive or natural knowledge. In other words, to establish contact with their filogenetic memory. The exchange of experiences among different cultures was important, for us, white men and women, that got to notice how strange we are to our own bodies.

The experience of the House of Childbirth of Ceres-GO, is brought as a model already consolidated and differentiated of obstetric attendance in Brazil. This proposal is emphasized to do the reconciliation between the domiciliary childbirth and the childbirth at hospitals, that is, to do the negotiation among what exists of favorable at home and at the hospital. The childbirth house then is adapted for the obstetric nurse's performance because it provides a professional autonomy that is inexistent in the hospital. Because the hospital is traditionally a place of the medical power, it can make possible the development of your own childbirth model and consequently of your knowledge.

 

The experience in the Academicals Hospital of Santa Catarina State

The experience of the Academicals Hospital of Santa Catarina was presented.  There, a team composed interdisciplinary by nurses, doctors, social worker and psychologist is developing a work of attendance to the family. This includes the maintenance and introduction of routines based on scientific evidences, in which the woman has the right to choose companion, the  routine enema are not accomplished and she is not forced in her labor. During labor and childbirth she makes the option for the position to be adopted in the process (in 2002 73% of the normal childbirths were in the position of squatting), the routine episiotomie is not accomplished (in 2002 the episiotomies rate was of 9.5%). only 12% of the women opt for analgesia medicaments, Generally she opt for non pharmacological methods. Besides the attendance educational works are developed as groups of waiting room, group of pregnant couples and pregnant women in the 3rd quarter. The maternity has also been participating in community works of incentive to the maternal breast feedeing, sexuality and reproductive right. The hospital is considered a Child  Friend Hospital and it received the prize Galba de Araújo of Humanization of the Childbirth.

 

The Childbirth Home in Brazil

In this lecture, it was evidenced that in Brazil, only 15% of the childbirths happen at home and that there is a difference between the childbirth that happens at home for lack of access to the net of health and the one that is planned to happen at home.

The women that want and opt for the domiciliary childbirth, planned and attended, show a high percentage of self-confidence. Many are afraid and don't feel safe in the hospital atmosphere. Before their decision, they analyze the risks and the benefits, considering the possibility of a natural childbirth, less interventionist. The women that want the childbirth at home can be of any socioeconomic class and of different age groups. These women still have access to a quality prenatal attendance that favors this electric outlet of decision. In the other hand, the women that have their children at home due to impossibility of access to the net of health have their children without any kind of attendance, being exposed to unnecessary risks by an incidental imposition.

The childbirth at home in the great urban centers begins the reborn slowly as a possible choice for the Brazilian women.

 

The Closing: the celebration of the life

To close the event, Martha Zanethi, corporal therapist, prepared an activity entitled Celebration of Life. For such, she used a videotape for sensibilizaton, breathing exercises, corporal movements, music and a voice of sensitive command. The group was urged to participate in the dynamics, demonstrating that after the Congress, each one, just as in the childbirth, was born with new perspectives and possibilities of transformation of their personal and professional reality.

 

 

Cultural activities

With the objective of celebrating guests and participant members, the Congress promote a cultural presentation that showed a little of our history while people and city of Rio de Janeiro the School of Samba "Mangueira do Amanhã" made a beautiful presentation with 25 components that sang and danced the samba. The Group Opa of Maracatu lustered us with your presentation bringing us music, happiness, dances and a lot of energy for our event.

 

Conclusions 

The Brazilian model of obstetric attendance is deeply changing during the last years with the incentive of Health Ministry and the social pressure, mainly from the women's movement. The current guidelines of the Ministry, that follow the one of WHO, point us in the sense of the humanizes of whole pregnancy process and childbirth. 

The modern science bring us new paradigms in this attendance. Congress and scientific events as this one have the function of allowing the access and the discussion of those knowledge so that we can incorporate them to our daily practice of attendance to the woman and the newly born.

The International Congress Ecology of the Childbirth - A Celebration of Life, as well as previous events, presented us with illustrious guests and lecturers of several parts of the country that, together, congregated and celebrated the fundamental idea of the retaking of the childbirth as a physiologic, cultural and social event. It was also marked by the possibility and the importance of the union of the acquired millenarian knowledge for the human species in parallel to the technological progresses in consonance with this paradigm of attendance to the woman.